A praia Jurássica fica na freguesia de São Bento, Município de Porto de Mós percorrendo lugares de Covões Largos e da Chainça em direcção ao Chão das Pias corta-se à esquerda para os Covões Largos e terminado o asfalto segue-se pelo caminho de tout-venant por 500m e corta-se à esquerda por entre os muros de pedra e segue-se pela direita por mais 600m até ao local.
Na Praia Jurássica de São Bento há mais de uma década que se conhece uma jazida única em Porto de Mós que é um portal de acesso a um fundo marinho com cerca de 169 milhões de anos.
O espólio agora à guarda do Museu Geológico do Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia encontra-se provavelmente numa nova espécie de equinóide.
Os muros labirínticos característicos das serras de Aire e Candeeiros conduzem a uma pequena pedreira com pouco mais de dois mil metros quadrados.
No solo são visíveis dezenas de fósseis de ouriços, estrelas e lírios-do-mar estranhos para o mar de pedra e montanha que marca a paisagem atual da serra.
Neste lugar também houve ondas, sabendo-se pelas marcas de correntes marítimas preservadas na rocha, indicadores incontestáveis do ambiente de há 168 a 170 milhões de anos.
No Jurássico Médio estaria submersa por um braço de mar de pouca profundidade com razoável luminosidade e sujeita a uma ondulação constante deixando impressas no fundo carbonatado as marcas de ondulação.
A descoberta deu-se em 2003 numa das centenas de pedreiras que se encontram pelas Serras de Aire e Candeeiros.
A exploração de calcário trouxe à luz do dia um dos mais importantes achados paleontológicos já encontrados em Portugal.
Os fósseis encontrados constituem uma autêntica praia jurássica como equinodermos, ouriços do mar, criaturas de formas bizarras aprisionadas na rocha.
No ano de 2013 o achado foi dado a conhecer ao grande público para evitar a degradação nomeadamente a provocada pelos agentes atmosféricos, os fósseis originais foram removidos e substituídos por réplicas.
A jazida de equinodermes não perdeu no entanto nenhum do seu encanto e é um local fascinante para os amantes de história natural.
No ano de 2003, numa visita de rotina dos técnicos do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros à pedreira foram descobertos os primeiros fósseis.
No ano de 2005-2006, técnicos do Museu Geológico do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) da Universidade Aberta visitaram o local e compreenderam de imediato a sua importância identificado o valor paleontológico do local.
Andrew Smith, investigador do Departamento de Paleontologia do Museu de História Natural de Londres confirmava a raridade mundial da jazida,cujas características e idade só têm paralelo noutro local da Suíça.
A descoberta de uma praia jurássica em pleno coração do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros surpreendeu como um local único a nível mundial divulgou-se publicamente o achado no final de 2013 após a desativação da pedreira e consequente remoção das escombreiras.
A importância dos fósseis da jazida do Cabeço da Ladeira deve-se ao estado de conservação e abundância dos moldes e restos fossilizados dos animais no contexto geológico português.
A ocorrência de restos fossilizados o que é raro é muitos desses restos se encontrarem em semi articulação preservando a conexão anatómica original.
Uma jazida deste género é mais uma peça para melhorar o conhecimento, uma fotografia parcial de um habitat daquele tempo.
Os trabalhos de identificação ainda decorrem, mas já se detectaram mais de noventa exemplares e a cada visita são descobertos novos fósseis.
Os últimos exemplares foram detectados em Julho de 2014 e estão identificadas dez morfoespécies de ouriços-do-mar (equinóides), cinco de estrelas-do-mar (asteróides), duas de lírios-do-mar (crinóides) e uma de serpentes-do-mar (ofiuróides) amplamente representadas nos oceanos actuais.
Os estudos conduzidos em animais contemporâneos sugerem que os equinodermes desagregam-se rapidamente após a sua morte e para este tipo de preservação ocorrer o soterramento desses animais deverá ter sido rápido.
A jazida apresenta ainda condições favoráveis à ocorrência de espécimes-tipo, ou seja, exemplares que permitem a identificação de espécies novas ou uma melhor compreensão de espécies já descritas para o Jurássico Médio.
O mapeamento e inventariação dos fósseis da jazida foram desenvolvidos por Bruno Pereira, Susana Machado, técnica do LNEG, Lia Mergulhão, técnica do ICNF, e José António, técnico do Museu Geológico.
Nos fósseis mais instáveis desenvolveram-se acções de estabilização ou consolidação e foram produzidos vários moldes para estudo em laboratório.
No Museu Geológico cada fóssil é cuidadosamente analisado, preparado e limpo e vão-se descobrindo estruturas delicadas.
As articulações dos organismos fossilizados revelam-se à luz da lupa, sob o olhar atento de quem viu muito mas ainda não viu tudo e longe de estar finalizado é um trabalho para vários anos