A Furninha também conhecida como Cova Dominique localiza-se numa falésia entre o Cabo Carvoeiro e o Forte de Peniche é uma cavidade natural localizada a cerca de 15 metros acima do nível do mar e que foi ocupada durante o período Paleolítico Médio e o final do Calcolítico sendo a mais importante estação pré-histórica do concelho.
A Furninha funcionou como abrigo e necrópole fornecendo um vasto espólio arqueológico, que pode ser conhecido em vários museus entre os quais o Municipal de Peniche.
A gruta da Furninha é vulgarmente conhecida como Cova de Dominique por via da tradição oral, como registo da memória colectiva deve esse nome a um salteador solitário e esquivo que nela se refugiava um tal Dominique.
A Furninha é testemunho da presença mais ocidental da Europa e do mundo do Homem de Neandertal, extinto há cerca de 40.000 anos e foi também habitada pelo Homo Sapiens durante o Neolítico.
A gruta da Furninha foi explorada no final do século XIX por Nery Delgado que, após trabalho exaustivo, demonstrou ser essa gruta património arqueológico de enorme importância: é um marco, no seu extremo ocidental, de um vasto território habitado pelo Homem de Neandertal, que se estendia através da Europa desde os seus limites orientais até à Península Ibérica.
A escavação e o estudo de Nery Delgado revelam ter havido na Furninha ocupação animal no Paleolítico Inferior e humana no Paleolítico Médio (Homem de Neandertal) e no final do Calcolítico (Homem Moderno).
Delgado dá ainda como provadas práticas de antropofagia dos neandertais da Furninha que, mau grado a proximidade do mar, eram sobretudo caçadores.
O interesse histórico da Furninha é ditado pelo valor patrimonial dos achados e como monumento geológico.
A gruta da Furninha enquanto abrigo e necrópole revelou a presença pré-histórica de vários humanos, do Homem de Neandertal ao Homo sapiens sapiens (Homem Moderno) por entre outros diversos vestígios: fauna do período quaternário, peixes e mamíferos, utensílios de osso e cerâmica.
A gruta da Furninha enquanto monumento, face visível, no seu contexto geológico, de um longo período de mutações da Terra, mesmo antes da formação dos oceanos, faz parte de um conjunto de formações rochosas únicas em todo o mundo.
Tal particularidade é reforçada pela importante descoberta, em sua vizinhança, de forte presença Neandertal. Não muito longe dali, no Vale do Lapedo, foi explorada uma gruta, conhecida como Lagar Velho, com despojos funerários de uma criança, o célebre Menino do Lapedo, que se provou e se comprovou por análise genética, ser um híbrido de Neandertal e de Homem Moderno, o que abre caminho a um novo entendimento da evolução do Homem, visto se supor até então que não teria havido cruzamentos.
A observação de várias fotografias tiradas dentro da gruta por geólogos (ver referências e ligações externas) revela a existência de uma fina camada de flora, ao que parece em íntima relação com fungos, com cores intensas, com predominância de zonas verdes, amarelas e avermelhadas, isto é, um ecossistema único: microfauna específica, vermes verdes, minúsculos pardais, etc.
As paredes da Furninha estão cobertas de nutrientes criados pela mistura de infiltrações de águas da chuva que pingam do respiradouro da abóbada com as gotículas de água salgada que entram grutas dentro levadas pelo vento em dias de mau tempo.