O Parque Natural do Vale do Guadiana situa-se no vale médio do rio Guadiana, em território pertencente aos concelhos de Mértola e Serpa, possuindo um evidente interesse faunístico, florístico, geomorfológico, paisagístico e histórico-cultural.
A área protegida estende-se desde o Guadiana desde a zona do Pulo do Lobo até à foz da ribeira de Vascão.
O ponto mais elevado do parque natural (370 m) situa-se nas elevações quartíticas das serras de Alcaria e São Barão.
O parque abrange os concelhos de Mértola e Serpa localizados no distrito de Beja, abrangendo a zona ribeirinha do rio Guadiana, a Vila de Mértola, localidade de grande interesse histórico.
Na zona norte do Parque situa-se um dos seus principais atractivos, o Pulo do Lobo, local de grande interesse geológico onde as águas do Guadiana caem cerca de 20 metros de altura através de uma garganta rochosa.
O Parque Natural do Vale do Guadiana foi criado para proteger parte do troço do rio Guadiana e da planície circundante, é uma das zonas mais secas do País, com uma precipitação anual média de 600 milímetros.
A sul estende-se desde Castro Marim e Vila Real de Santo António, situa-se uma área de sapal que funciona como uma "creche" para os peixes juvenis e como um importante refúgio para várias espécies de aves.
A bacia hidrográfica do Guadiana é a mais importante em Portugal para a conservação de peixes de águas interiores, com 16 espécies de peixes dulçaquícolas autóctones e migradores, sendo 10 endemismos ibéricos.
Em Portugal existem 4 apenas nesta bacia o caso do saramugo (Anaecypris hispanica), da boga-do-guadiana(Pseudochondrostoma willkommii), do barbo-de-cabeça-pequena (Luciobarbus microcephalus) e do caboz-de-água-doce (Salaria fluviatilis).
Nesta área existem quase 70 mil hectares, há insectos (aracnídeos) e peixes (o saramugo) únicos no mundo como cobra-de-água, osga-turca, alcaravão, gato-bravo, leirão e bufo-real.
O coberto vegetal é dominado por montados de azinho, com presença modesta do sobreiro, extensas áreas de esteval e de culturas de sequeiro, mostrando estarmos em pleno Alentejo.
No domínio da avifauna destacam-se as aves de presa e um importante cortejo de passeriformes (vulgo pássaros).
Na vila de Mértola existe uma colónia urbana e uma das mais importantes a nível nacional, de uma espécie bastante rara e ameaçada, o peneireiro-das-torres (Falco naumanni).
O símbolo do Parque é uma ave de presa, elemento muitas vezes ilustrado nos pratos islâmicos desse período, é retirado de um prato vidrado em corda seca do séc.XI.
Na vila de Mértola, os valores culturais estão muito relacionados com os naturais, ligação essa que ainda se pode observar em certas atividades atuais caso da pesca, pecuária, agricultura e caça.
À paisagem árida e agreste de verão sucedem-se os prados verdes no inverno que vão dando lugar a uma explosão de cores com a aproximação da primavera, e nos verões mais secos as ribeiras afluentes do Guadiana ficam reduzidas a pegos enquanto que nos invernos mais chuvosos o caudal aumenta significativamente sob um turbilhão de água barrenta, a queda do Pulo do Lobo.