O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros é uma área protegida e tem por objectivo a protecção do meio ambiente como a defesa do património arquitectónico existente na Serra de Aire e na Serra dos Candeeiros, e possui uma área de 38 900 hectares.
O parque está enquadrado no Maciço Calcário Estremenho abrangendo as duas serras de Aires e Candeeiros, os planaltos de Santo António e o de São Mamede.
O parque abrange 4 unidades morfológicas de altitude: Planalto de Santo António (a sul e centro), Serra dos Candeeiros (a oeste), Planalto de São Mamede (a norte) e Serra de Aire (a leste).
A região derivada das movimentações tectónicas encontra-se delimitada por unidades geológicas resultantes da formação de falhas: a depressão de Alvados, o polje de Mira-Minde e a depressão da Mendiga.
A rocha é um elemento sempre presente na paisagem do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros que ocupa mais de dois terços do Maciço Calcário Estremenho (no Maciço Calcário Mesozóico) que é a mais importante zona calcária de Portugal.
Ao longo do tempo através de processos geomorfológicos os elementos naturais foram modelando a rocha, sobretudo de origem calcária dando origem a mais de mil e quinhentas grutas.
O Maciço, como qualquer formação montanhosa, teve origem nos movimentos tectônicos da crosta terrestre que, após milhares de anos de movimentações das placas continentais e oceânicas, emergiu da superfície. (Poljes: poliges de Minde, de Alvados e de Mendiga, e as dolinas de arrimal).
O lugar possui salinas não marinhas que são a Fonte da Bica localizadas em Rio Maior.
O reservatório de água que vai de Rio Maior até Porto de Mós conta com cerca de sessenta e cinco mil hectares e é alimentado principalmente pela chuva que infiltrando-se rapidamente no subsolo forma ribeiras subterrâneas restituindo depois o excedente à superfície formando uma nascente cársica como é o caso das nascente dos Olhos de Água do Alviela e alvo de captação por parte da EPAL para fornecimento de água a Lisboa desde 1880.
A existência de grutas e de cavidades rochosas leva ao aparecimento no parque de algumas espécies de morcegos: morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersii), morcego-lanudo (Myotis emarginatus), morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale).
As espécies de morcego permitem a subsistência de uma fauna específica nas cavidades rochosas em que se refugiam, porque são eles que fornecem alimento (em forma de matéria orgânica: fezes e outros) a esta fauna cavernícola (crustáceos, aracnídeos e vários tipos de vermes).
A existência de diversos habitats no parque levam ao aparecimento de diversas aves que se encontram adaptadas a condições particulares: gralha-de-bico-vermelho, bufo-real, águia de asa redonda, águia de Bonelli, águia cobreira, corvo, gavião, penereiro, coruja das torres, águia calçada, coruja do mato e mocho galego.
A grande diversidade biológica é sustentada pela existência de uma heterogeneidade de habitats: aquáticos, rochosos e os arrelvados calcícolas.
O parque é um dos melhores locais em Portugal onde se podem observar muitas espécies de insetos associados a zonas calcárias e habitats calcícolas estando reconhecidas mais de 300 espécies de borboletas (Lepidoptera) entre as quais a rara Branca-Portuguesa (Euchloe tagis) cuja população aqui é a mais a Norte em Portugal, a Cupido lorquinii e a Crocallis auberti.
No Parque podem ser encontradas mais de seiscentas espécies vegetais, o que representa cerca de um quinto do total das espécies em Portugal, e muitas delas não se encontram em mais nenhum local (são endemismos).
A maior parte da superfície do Parque é ocupada por matagais, muitos deles considerados na Rede Natura 2000 como um tipo de habitat prioritário e exemplos únicos no mundo.
Atualmente ainda existem relíquias do coberto vegetal primitivo, sobretudo sob a forma de carvalhais constituídos por carvalho-cerquinho (Quercus faginea).
Neste local muitas das espécies botânicas existentes estão dotadas de características que lhes permitem sobreviver mais adequadamente aos fogos, como é o caso das orquídeas que têm a sua floração estimulada quando ocorre este tipo de evento.