A Sé Velha de Coimbra constitui-se num dos edifícios em estilo românico mais importantes do país, a sua construção começou depois da Batalha de Ourique (1139) quando Afonso Henriques se declarou rei de Portugal e escolheu Coimbra como capital do reino.
A Sé Velha de Coimbra é a única das catedrais portuguesas românicas da época da Reconquista a ter sobrevivido relativamente intacta até aos nossos dias.
O edifício é constituído por três naves, um transepto ligeiramente saliente, e uma torre-lanterna sobre a cruz e um santuário tripartido.
No século XVI foram introduzidas algumas inovações no edifício nomeadamente portais renascentistas como uma porta denominada “Porta Especiosa'''''''' que é obra-prima do arquitecto João de Ruão e do escultor Nicolau de Chanterenne inspirada no renascimento italiano.
A Sé Velha, as Igrejas de Santiago e São Salvador (em menor grau) são expoentes da fase afonsina do românico coimbrão.
A fachada oeste (principal) tem uma espécie de torre central avançada com um portal de múltiplas arquivoltas e um janelão parecido ao portal.
Os capitéis, arquivoltas e jambas do portal e do janelão são abundantemente decorados com motivos românicos com influências árabes e pré-românicas.
A fachada é reforçada nos cantos por contrafortes que ajudam a compensar a forte inclinação do terreno.
A fachada norte tem dois portais de estilo renascentista sendo notável a Porta Especiosa que é um pórtico de três andares, tipo retábulo construído na década de 1530 por João de Ruão.
O portal é uma das principais obras do primeiro renascimento em Portugal, do lado este observa-se a abside principal românica e os dois absidíolos, sendo que o do lado sul foi modificado em estilo renascentista, sobre o transepto há uma torre-lanterna quadrangular românica com algumas alterações no século XVIII.
O interior é de três naves e cinco tramos com o transepto pouco desenvolvido, sendo a cabeceira formada por uma abside e dois absidíolos.
A cobertura é feita por abóbada de canhão na nave central e transepto, e por abóbada de aresta nas naves laterais, a nave principal tem um elegante trifório (galeria com arcadas) no segundo piso.
As colunas do interior têm capitéis decorados com temas geométricos vegetalistas e animalistas, as janelas da torre-lanterna do cruzeiro, e o janelão da fachada principal são as principais fontes de luz natural da Sé.
O claustro construído durante o reinado de Afonso II situa-se na transição para o gótico, encontrando-se no lado sul do templo, cada face do claustro possui cinco arcos quebrados, envolvendo cada qual um par de arcos geminados de volta perfeita, e rasgando-se em cada bandeira uma pequena rosácea decorada com traceria muito simples.
Os tramos são quadrados,com as naves abobadadas, e sendo só arcos torais ogivais muito apontados e os cruzeiros de volta inteira.
Os capitéis dos arcos são de cesto delgado, majoritariamente com decoração vegetalista, e o feito mais interessante de toda a obra são os cantos da quadra onde se dá o encontro de duas arcadas góticas que mutuamente se interrompem a meia altura criando um efeito original.
O aspecto mais notável da decoração românica da Sé Velha é o grande número de capitéis esculpidos (cerca de 380) que a converte em um dos principais núcleos da escultura românica portuguesa.
Os motivos são entrelaços geométricos e vegetalistas de influência árabe ou pré-românica, assim como quadrúpedes e aves enfrentadas, praticamente não há representações humanas, e as passagens bíblicas são inexistentes.
A ausência de figuras humanas é talvez consequência de os artistas serem moçárabes (cristãos arabizados) que se haviam estabelecido em Coimbra no século XII.
No interior vale a pena mencionar a Capela do Santíssimo Sacramento, também de João de Ruão, e a Capela de São Pedro atribuída a Nicolau de Chanterenne.
Na capela-mor, o retábulo de talha dourada de estilo gótico flamejante é da autoria de Flemings Olivier de Gand e Jean d''''Ypres, e ass capelas decoradas com temas florais e animalescos são o mais rico exemplo iconográfico do estilo românico em Portugal.
Nos corredores laterais encontram-se vários túmulos do período gótico (séculos XIII-XIV), sendo um dos mais notáveis ??o de D. Vataça (ou Betaça) Lascaris, senhora bizantina que chegou a Portugal no início do século XIV acompanhando D. Isabel de Aragão, que se casara com D. Dinis.